EXPOSIÇÃO SOBRE FOLCLORE
Lenda da Cobra Grande de JacareÃ
Contam os antigos que, há muito, muito tempo atrás, uma cobra gigantesca, que morava nas águas do nosso ParaÃba, despertou, e, numa bela tarde, botou seu cabeção pra fora d´água e começou a devorar tudo que sua bocarra alcançava. Devorou árvores, pastos, hortas e, insatisfeita, começou a abocanhar nacos de terra, desbarrancando as margens do rio. Sua fome voraz nada respeitava, ameaçando de destruição a própria igreja da Matriz, que nessa época ficava à s margens do caudaloso rio. Duas lavadeiras que a viram, disseram que a cobra ia desde a igreja até perder-se de vista lá pros lados de Guararema. E era tão larga a monstrenga, que vários homens poderiam andar sobre o seu costado, como em meio à uma picada aberta à foice e facão… O povo, assustado, recorreu à padroeira da cidade, N.S. da Conceição, que foi levada até as margens do ParaÃba, em meio à preces que lhe imploravam que desse um jeito na gula da danada!
Os escravos também quiseram participar, mas impedidos pelos patrões, organizaram sua própria procissão e depositaram nas águas do ParaÃba a sua santa, feita de barro queimado, na intenção de acalmar a serpente. E a Senhora começou a cantar. Ela flutuava em meio à s águas e cantava tão lindamente, que a cobra, hipnotizada, a seguiu. E as duas foram descendo rio abaixo durante muito, muito tempo, até que a Virgem tombou, cansada, no leito do rio e ali desfaleceu. Seu corpo partiu-se em dois, e ela foi pescada perto de Guaratinguetá, por dois pescadores que há dias não pegavam um peixinho sequer em suas redes. Então, milagre dos milagres: os peixes foram surgindo, de repente, em tantos cardumes, que mal cabiam nas barcas dos ribeirinhos. Eles encheram cestos e cestos de pescado que mitigaram a fome daquela vila. Dizem os antigos que esta é a mesma imagem que hoje o mundo conhece como a da Padroeira do Brasil, a Senhora Aparecida nas águas do ParaÃba.. E, como os causos possuem várias versões, a outra história nos dá conta de que a Cobra Grande adormeceu dentro da terra e sua cabeça está enterrada debaixo do altar da Matriz. O corpo atravessa a cidade e vai até a Igreja do AvareÃ, agora, do rabo da danada, ninguém sabe dar notÃcia!